quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A singela apresentação do Velho Cangalho, sua barba canarinho e alguns amigos

Como ainda não sei o que é ou o que significa este blog, publico aqui um devâneio que rendeu o título da página: Velho Cangalho, sua barba canarinho, seu cãozinho Preto e a Pepê Bombom. A história do Velho Cangalho, cansado de guerra, deve continuar - já gosto deste cidadão - se a campanha eleitoral de 2008 um dia acabar.

Em qualquer canto se sentia brasileiro. As cores da banderia do Brasil – o verde, o branco e o amarelo - o Velho Cangalho carregava em sua espichada e suja barba. O branco pela idade, o amarelo pelos agora escassos cigarros, obrigatoriamente reduzidos por falta de dinheiro, e o verde de sujeira – às vezes parece alface, às vezes catarro, mas um menino do bazar diz que “vira e mexe” Cangalho sai carregado da lojinha com papeis do tipo crepon.

Conhecido nas ruas de paralelepípedo das pensões e asilos e de uma das tantas mulheres-dama do lugar, a Pepê Bombom, bombom que ninguém gostava de desembrulhar, todos estranharam ver o Velho Cangalho e sua barba canarinho naquele lugar.

Homem que já pediu comida, recebeu panfleto e aperto de mão de alinhado candidato, que trabalha, transpira, carrega a barba e a carrinhola com o cachorro Preto, e que também já foi chamado de vagabundo sem sequer ter onde deitar para pôr os pés para cima em dia de labuta que lhe rendia orgulho. Gostava de quase tudo, só não gostava do azul - Céu é azul e eu aqui?

Lá, onde estranharam ver o Cangalho, carregado com o seu cansaço, ele foi encontrar um amigo barbudo. Percorreu com as vistas vermelhas todo o lugar e entrou. Reconheceu o barbudo de olhos azuis – gostava apenas deste azul - que lhe era amigo desde que nasceu. Não pediu licença. Duas senhoras cheirando a Dama-da-Noite, beatas que mais lembravam Pepê Bombom, a Mulher-Dama, cumprimentaram Cangalho: disseram-lhe um oi seco as mulheres-planta.

- ...

Como se precisasse pedir permissão. Com as reticências, o Velho não pediu licença, disse cheguei. Olhou pros lados, pros cantos, pra cima. Passou por cada canto. Coçou a barba e acenou para seu amigo também barbudo. Voltou pra rua, olhou para o céu, pensou no azul e afanou o Preto.

3 comentários:

Scorce disse...

Esse Velho tá plantando em todo mundo, eim.

Sartorato disse...

Olhos vermelhos! Hãm, hãm!

V.D.S. disse...

Gardesani poeta, quem diria! (Vc não gosta de céu azul e gosta de olhos vermelhos?)