segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Sobre mais um dia na Rua

Sem linha fina. Sem linha fina dessa vez.

Milhões de pessoas devem, agora, estar escrevendo. No gerundio, para que não fique velho: quantas pessoas não devem estar dizendo sobre o futuro da crise ecônomica, sobre como se aproveitar dela, ou então sobre como a esquerda e a direita devem agir.

Agora as pessoas também devem escrever sobre novas fórmulas matemáticas que devem resultar em progresso para a civilização, sobre como transgredir os projetos de Niemeyer e sobre novos computadores que transcendem a velocidade de qualquer pensamento. Nas páginas de qualquer lugar falam sobre o problema global do meio ambiente, sobre o futuro da empresa, do mundo, do dia-a-dia do cotiadiano da vida e sobre a própria vida em blogs pessoais.

O Velho tava escrevendo. Continuou até certo momento:

Tá todo mundo estranho e eu nem sei onde chegar
Cansei, cansei. Cansei também.


Se tá todo mundo errado té parece que alguém tá bem.
Teve outro dia que eu tava em outro lugar
Depois eu fico triste, agor...


O Velho, que nunca teve nada a perder, perdeu. Exceto a infância, nunca perdeu nada. Quando começou a escrever achou que tinha muita gente escrevendo e que ninguém, no final, lê nada. O Velho parou.

Perdeu pois o Preto que dormiu na frente de um açougue. Intransigente, o Preto queria muito a carne do frigorífico. Não negociou. Morreu.

O Velho desistiu de escrever e preferiu continuar só com o sentimento.